Acampando e subindo o Monte de Sinai

Tudo começou quando eu fui informada que só começo a trabalhar dia 22, muito estranho, não foi algo bem recebido no começo, afinal corri para estar aqui e preparar tudo. Mas quando descobri que isso é normal e falei com todas as trainees que moram comigo sobre o assunto, ficando sabendo que uma delas esperou quase dois meses antes de começar a trabalhar, meio que aceitei a idéia.

Em um segundo momento pensei: o que farei nesse meio tempo? Por minha sorte ou por pura coincidência, a Rachel (trainee da Inglaterra) vai embora em uma semana, e elas tinham planejado ir “acampar” (foi o termo usado mas não foi bem assim) e conhecer alguns lugares. Logo aceitei a idéia e me juntei ao grupo, afinal uma viagem de 3 dias e meio não faria mal e vai saber quando alguém toparia fazer isso com as trainees novamente.

Antes de embarcar no que seria uma semi-aventura, cheguei a conclusão que era melhor não pensar muito no assunto e simplesmente ver no que ia dar. Saímos (Eu, a Rachel, a Zófia (trainee da Hungria) e o Ufa (Aieseco de ICX que mora no nosso prédio)) rumo a estação de ônibus de Alexandria eram umas 6h30 da manhã, partimos rumo a Cairo, onde às 11 pegaríamos o ônibus que nos levaria para o Sul da península do Sinai.

Parece simples a viagem, mas só parece. Levamos mais de 12 horas no trajeto, mas chegamos a conclusão que contar quanto tempo passávamos no ônibus seria uma perda de tempo, era melhor apreciar a vista. No começo funcionou, mas depois de umas 4 horas olhando areia e rocha, cansa um pouco, fora que se você está na janela que tem sol (como eu) vc tem que fazer de tudo para a cortininha do ônibus ficar fechada e o sol não te atrapalhar (te queimar e fazer você passar muito calor).

Vista da Janela do ônibus
Vista da Janela do ônibus

Foi legal no começo passar por umas cidades costeiras, avistar o mar e pensar que você estava alucinando dentro do ônibus e também foi legal a experiência de ver como em todos os lugares, que parecem sempre ser no meio do nada, tem água, coca-cola, pepsi, salgadinho, chocolate e cigarro para vender. Ao mesmo tempo que tiveram coisas legais, passamos por momentos tensos como: várias paradas do ônibus para checarem a documentação e várias suspeitas do tipo “O que 3 meninas de países diferentes estão fazendo com um Egípcio”, daí o Ufa tinha que sair do ônibus e explicar a situação toda; Outra coisa foi quando o ar condicionado, que já não funcionava muito bem, quebrou e fomos em uma oficina concertar, conclusão… mais tempo de viagem.

Tanques militares em uma das bases no meio do trajeto
Tanques militares em uma das bases no meio do trajeto

E mais vista da janela... é muito tempo de viagem
E mais vista da janela… é muito tempo de viagem

Por fim eram umas 10h30 da noite quando chegamos no acampamento Fox, já estava escuro e montaram as nossas barracas (não tive que fazer isso… um pouco triste mas depois de tanto tempo viajando achei ótimo não precisar montar a minha barraca), jantamos rapidamente o que tinha no local (sopa de frango, salada de tomate e pepino e macarrão), tomamos banho (é acampamento mas tem o banheiro pelo menos) e fomos dormir às 11 horas para acordar à uma da manhã e iniciar a escalada.

Eu e a barraca!
Eu e a barraca!

Eram exatamente uma e meia da manhã quando o nosso guia nos dirigiu para fora do acampamento, a pé mesmo, o acampamento fica à 20 minutos da montanha, e iniciamos a caminhada. Nesse momento estava bem frio, é até engraçado pensar o calor que você passa indo até o locar e o frio que faz de noite e na montanha, ainda bem que fomos preparados para isso. No começo, tudo é festa! Não se pensa muito que você viajou 12 horas ou mais, dormiu duas e vai fazer uma escalada de mais de 3 horas (dizem que são 3 horas, mas considerando que você para no meio do caminho e tem mais de um trilha e que chegamos no topo às 5h30 da manhã, é melhor não pensar em quanto tempo você vai andar).

Visão da estrada do acampamento rumo ao monte
Visão da estrada do acampamento rumo ao monte

O interessante da caminhada: é noite, está escuro, em um grupo de 5 vocês tem uma lanterna, você só enxerga a pessoa na sua frente e a pedra que tem que subir (ou melhor as zilhões de pedras que tem que subir), você vai no ritmo do grupo porque se não não enxerga nada, você consegue ver que a sua esquerda tem a montanha e mais rochas, mas em alguns momentos na sua direita só existe escuridão e o céu é o mais estrelado possível, dá para ficar observando todo o tempo é incrível.

Não enxergamos a trilha, mas temos que tomar cuidado por onde vamos...
Não enxergamos a trilha, mas temos que tomar cuidado por onde vamos…

Depois de uma hora de subida, paramos por uns 5 minutos para beber água de um poço (obrigada guia por saber que tinha água lá). A cada momento que continuávamos a subida ficava mais íngreme, depois de umas duas horas e meia subindo, chegamos a um “café” (é uma casinha que vende água, coca-cola, pepsi, chocolate, cigarro… ainda bem que eles pensam nos turistas) onde compramos água e chocolate, não porque você fica com fome, mas é que é tão íngreme que você precisa do chocolate e da água para não passar mal (pelo menos para pessoas super atletas como eu hehe).

E quando você acha que está acabando, chegam os degraus (isso resumidamente porque na verdade você só vê o pico da montanha depois de umas duas horas de caminhada, o que é tempo o suficiente para você se perguntar o que raios está fazendo ali), se fossem degraus normais ia ser muito bom, mas nada é tão simples, são rochas como em toda subida, cada uma de um tamanho, a maioria íngreme e nesse momento você começa a enxergar alguma coisa porque já são 5 da manhã e não está tão escuro. Nisso você começa a ver os turistas que vieram de outra trilha, também descobre que tem uma trilha que as pessoas vem de camelo, e é nesse momento crucial de “estou chegando” que você acha aquela energia final para terminar os mais de 700 degraus (não sei como contaram) rumo ao topo para ver o sol nascer. E daí você chega, encontra um lugar para aguardar o sol nascer, passa um frio, o sol nasce, você se dá conta de onde você está e enxerga o que você subiu e neste momento, não se tem palavras.

Esperando o sol nascer
Esperando o sol nascer
O sol nascendo
O sol nascendo
Olha mais de perto, bonito não?
Olha mais de perto, bonito não?
Eu e o Sol nascendo, tenho que provar que estava lá...
Eu e o Sol nascendo, tenho que provar que estava lá…
E depois que o sol nasce, enxergamos tudo, inclusive a capela da Santíssima Trindade!
E depois que o sol nasce, enxergamos tudo, inclusive a capela da Santíssima Trindade!

Ficou curioso para saber o por que das pessoas subirem o Monte Sinai ou Monte Horeb ou Jebel Musa, que significa “Monte de Moisés” em árabe? Vou dar uma breve explicação: O Monte Sinai fica na península do Sinai, por isso o nome, esta região é considerada sagrada por três religiões: cristianismo, judaísmo e islão. O monte é de granito e tem uma altura estimada em 2288 metros, onde, segundo a Bíblia e a tradição judaica, Moisés teria recebido as Tábuas da Lei, que continham os 10 mandamentos (Êxodo 24:14). Para quem quiser saber mais, leia aqui, também fala um pouco do Mosteiro de Santa Catarina, nossa próxima parada (fomos depois de almoçar no acampamento), e do um arbusto de Rubus sanctus, que eles chamam de “burning bush” ou sarça ardente original.

Visão do Mosteiro de Santa Catarina, do lado de dentro (o que deu para tirar foto, antes de acabar a bateria)
Visão do Mosteiro de Santa Catarina, do lado de dentro (o que deu para tirar foto, antes de acabar a bateria)
the burning bush (tbm deu tempo de tirar essa foto!)
the burning bush (tbm deu tempo de tirar essa foto!)

E depois do merecido tempo vendo o nascer do sol e descobrindo onde você está, o que tem a sua volta e o que você escalou, tem a volta, que significa a descida, que para alguns é pior do que a subida, porque são rochas e areia e cair é bem fácil, mas é ai que você enxerga por onde você subiu, é inacreditável, se subir é ingreme, descer é difícil e também leva mais de 3 horas, não vamos esquecer disso. A conclusão é que você não sente seu corpo por uns 4 dias, mas um pouco de história e uma vista dessas não se tem todos os dias e nem em todos os lugares.

Subiu, agora desce...
Subiu, agora desce…
Pelo menos conseguimos ver a vista, diz aí camelinho!!
Pelo menos conseguimos ver a vista, diz aí camelinho!!
E vamos descendo, de vermelho o nosso guia nos leva de volta...
E vamos descendo, de vermelho o nosso guia nos leva de volta…
Tem coisas que só da para ver no claro, até "banheiro" tem!
Tem coisas que só da para ver no claro, até “banheiro” tem!
E... para ilustrar uma das vendinhas salvadoras
E… para ilustrar uma das vendinhas salvadoras
Ahhhh sim e o local que paramos para beber água, que significa que falta 1h30 para o acampamento!
Ahhhh sim e o local que paramos para beber água, que significa que falta 1h30 para o acampamento!

Chegamos no acampamento de volta eram 10 da manhã, façam as contas, saímos a uma e meia da manhã. A viagem como um todo não acabou por aí, a próxima parada foi uma cidade costeira chamada Nueba, que paramos por acidente, mas isso fica para o próximo post. Acho que já falei até mais do que devia… ficarei por aqui… pelo menos por enquanto.

Fico por aqui... aguarde mais capítulos.
Fico por aqui… aguarde mais capítulos.

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9 Responses to Acampando e subindo o Monte de Sinai

  1. Lais Cattassini diz:

    FO-DA!

    Deve ter sido uma tortura subir, mas FÊ! MONTE SINAI, CARA!!!!!!!

    Você chegou ao lugar onde toda a religião, e a constituição de todos os lugares começou!! MUITO FODA!!!!

    E as fotos são lindas!!!

    Estou louca para ler mais!!!

  2. Fê,
    ANIMAL!!!

    Estou sorrindo até as orelhas! Que viagem!
    bjs do lê!

  3. Bia diz:

    Fêeeeeee!!!!!!!!
    Quero saber TUDO de TUDO!!!
    Nossa vida é muito chata!! Prefiro suas altas emoções!!!
    Beijos!!!

  4. Jefrey vulgo papai diz:

    Fê, que saudades e que inveja…quanta história e quanto conhecimento. Deve ter sido de arrepiar quando você chegou a capela. Você imaginaou naquele momento que por ali aonde você passou e aonde você parou “Deus” falou com Moisés? Acho que olhando para o céu à noite e ao amanhecer você pode falar um pouquinho com ele também.
    Beijo grande e muita, muita saudade

  5. Fla - Dig diz:

    Hehe…que ruim foi esse acampamento que fez, hein..E…esse nascer do sol…nossaaaaaaa muito louco….Da proxima vez carrega essa bateria direito, hein!!!Saudades…dig..Bjos..Flá, Renan..Ligia e Nanda…..

  6. Vinicius Matos Geraldes diz:

    Caraca, Fê!!!
    Que ANIMAL!!!

    Não conseguia parar de ler… Fiquei até triste que acabou rápido! =/ heheh

    Deve ter sido muito cansativo e tudo mais, mas só de pensar em tudo que este lugar representa e no visual que você deve ter visto ao amanhecer (sem contar o céu estrelado) dá pra saber que foi uma experiência sensacional!!!

    Já este curioso para o próximo post!!!

    Beijos! =)

  7. Jode diz:

    MEU!!! como assim!!!
    suuuuper arrepiei lendo seu post! deve ser muuuito do caralho 🙂
    que fotos lindas, fÊ! e soh da p´ra acredita q eh verdade pq tem vc na foto! aahhahaha
    meu, mt mt foda 🙂

    bjao

  8. amuratti (vulgo, pai da Bia) diz:

    Fê!!!Gosaria que vcme incluisse na sua lista para saber mais, de vc e de sua vida-aventura.Vc há de convir que não é muito comum ter uma amiga noMonte Sinai!!!!!
    Bjos e viva!!!Intensamente!!!!!!

  9. Antonia diz:

    Adorei!!!!!!!!!!!!!! Pois estou indo ao Egito e farei essa aventura, estou cansada só de ler, mais creio VALE A PENA o cansaço.

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